Embora
a inclusão seja ainda um “bicho de sete de cabeças” para muitos educadores e
instituições, a
Escola Municipal Arte e Vida da cidade do interior baiano, Macaúbas-BA,
conseguiu enfim desarmar o “monstro” da exclusão, e através do uso das tecnologias,
fazer da inclusão uma realidade perceptível no dia-a-dia de suas salas de aula.
As chamadas Tecnologias
de Informação e Comunicação (Tic’s) são, sem nenhuma dúvida, fonte de recursos
diversos que promovem a educação e o conhecimento de modo sistemático e
espontâneo que, já há algum tempo passaram a ser usuais no contexto da educação
brasileira, promovendo aprendizagens de modo mais eficaz e estimulante para
todos os alunos. Bem verdade dizer que, essa realidade muitas vezes acaba por
atender apenas os alunos considerados “normais”, desconsiderando um grande número
de alunos com deficiências, necessitando desse modo, um “olhar diferente” a
tais diversidades que podem impedir a sua efetiva participação no processo
ensino/aprendizagem.
Entretanto, quebrando os
paradigmas da tradição, na escola Arte e Vida a questão da inclusão é encarada
com muita atenção e carinho. Nelas seus profissionais estão atentos e também
envolvidos com um documento nacional, publicado pelo Ministério da Educação que
foi intitulado de “Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação”. Segundo esse documento, a Educação Especial perpassa todos os níveis
e etapas de ensino e deve produzir o atendimento especializado,
disponibilizando recursos e serviços, orientando quanto a sua utilização no processo
de educação regular em nosso país.
Partindo dessa premissa,
confiantes no poder da educação para todos, sem distinção e preconceitos, os
profissionais da escola em questão, após sucessivas reuniões, debates, horas de
estudos e profundas reflexões resolveram desenvolver projetos de intervenção
para atender sua clientela com uso de uma diversidade de recursos, promovendo
também diversas oportunidades de aprendizagens.
Segundo o depoimento da
diretora da escola, a pedagoga Luciane Ney de Urbino Brito, foi necessário uma
reorganização escolar, em que a abordagem de educação inclusiva pudesse ser
priorizada também. Como relata a profissional, a escola nessa reflexão intensa
em busca de respostas e novos caminhos para educar, a partir da premissa da
inclusão, viu-se apontada para um novo caminho, um novo modelo de educandário,
para bem longe da acomodação, pautada na atenção à diversidade. Uma prática
pedagógica preocupada em atender diferentes modos de aprender e ensinar.
Dentro desse contexto, visando
oferecer uma educação mais inclusiva e promissora e na perene reflexão e busca
por melhores práticas e mecanismos no processo pedagógico, eis que as “luzes”
da tecnologia foram finalmente acendidas em toda a comunidade escolar.
“Estávamos diante de uma
inesgotável fonte de recursos didáticos importantíssimos para a inclusão de
alunos com necessidades educacionais especiais e, simplesmente ignorávamos ou
não queríamos enxergar.” – Explica a coordenadora da escola, especialista em
educação inclusiva, Eliane Albuquerque. Segundo ela, foi refletindo sobre o
Decreto 6.571 de 17 de setembro de 2008, que dispõe sobre a educação especial, em
que se observou o destaque dado a elaboração e utilização de recursos que
respondam aos ajustes necessários para a efetiva aprendizagem dos alunos com
necessidades educacionais especiais, considerando suas necessidades
específicas.
Foi então que um
turbilhão de ideias surgiu no âmbito escolar. Claro que havia a necessidade da
especialização dos professores que fariam um contato mais direto e atendimento
para esses alunos e foi assim, que nasceu a vontade e o interesse de um grupo
de professores que buscaram, em parceria com a secretaria de educação do
município, aprofundar seus conhecimentos, pelo programa de formação continuada.
Esses profissionais, através de uma estratégia da coordenação, serviram então
de “multiplicadores de conhecimentos” dentro da escola inclusiva, que agora envolve,
a todos: educadores, direção, funcionários e pais.
Adicionado a tantas
novidades, veio a esta acrescer a tecnologia. A escola conseguiu uma sala de
recursos multifuncionais, garantido pelo mesmo decreto 6.571. Este espaço veio
a possibilitar o atendimento educacional especializado, através de estratégias
de aprendizagem, centrado numa nova concepção pedagógica. Juntamente a essa
ação, toda escola passou a buscar a diversificação de recursos tecnológicos
para auxiliar todo o processo de ensino e aprendizagem, como: TV, rádio digital,
computador, internet, wi-fi, telefonia móvel, ambientes virtuais, redes
sociais, que trouxeram uma nova realidade educacional, cheia de atrativos, de
objetivos, de eficiência que empolgaram os educadores e propuseram a esses
estudantes uma nova oportunidade para aprender.
Dentro desse contexto
inspirador, a equipe de professores, direção e coordenação pedagógica e, claro
a toda a comunidade escola passaram a testemunhar objetivos sendo de fato
alcançados e a aprendizagem (foco maior da educação) ser ampliada a “olhos
vistos”. A concepção da chamada Tecnologia assistiva passou de fato a ser
encarada e abordada no fazer pedagógico de modo efetivo. Bom notar que tal
perspectiva traz-nos uma realidade otimista e animadora que propõe o “estímulo
de novas pesquisas e o desenvolvimento de equipamentos que favorecem o aumento,
manutenção e melhora das habilidades funcionais da pessoa com deficiência”,
como bem aponta o importante estudioso MENDES, que ainda aponta como
consequência dessas ações, as condições efetivas de vida.
Vale ainda citar, que a
maioria desses materiais de Tecnologia Assistiva estão disponibilizados pelo
Ministério da Educação, de fácil acesso para todos, já presentes em muitas
escolas, mas que, infelizmente muitos nem são desembalados. Essa triste
situação é causada pela falta de conhecimento, de preparo funcional de
professores e até, infelizmente, fruto da acomodação docente que teima em estar
presente na realidade escolar ainda hoje. São recursos dessa tecnologia
disponíveis: materiais didáticos e paradidáticos em braile, áudio Língua
Brasileira de Sinais – LIBRAS, laptops e softwares de comunicação, entre
outros.
Segundo relatam os
professores da Arte e Vida, foi necessária uma profunda reflexão acerca das
necessidades educacionais como um todo. Era preciso buscar a compreensão
pedagógica e enxergar a realidade tecnológica que estão vivendo e buscar nesta
uma aliada para o fazer pedagógico. Não se pode fechar os olhos para o fato das
crianças de atualmente viverem em uma sociedade de informação repleta de
recursos cada vez mais acessíveis e que podem e devem contribuir para o ensinar
e o aprender.
Hoje é possível observar
um ânimo novo dentro da Escola Arte e Vida que encarou o problema e passou da
profunda reflexão para a ação concreta, na busca de uma solução real para uma
deficiência que está presente em todas as escolas brasileiras e mundiais, cujo
tema Educação Especial e Inclusiva passa a ser um grande desafio nos dias
atuais, sendo necessário muito mais que o simples discurso, mas a iniciativa de
educadores que têm compromisso com suas profissões e compromisso para com a
sociedade.
Por Heliane S. P. Neves, Luciana F. S. Pereira e Mariney
M. M. Côrtes